A nova projeção da safra brasileira para este ano é de 261,4 milhões de toneladas, o que representa 3,2% a mais que a safra registrada em 2021
A nova projeção da safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas para este ano é de 261,4 milhões de toneladas. O número é referente ao mês de junho e está no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor é 3,2% acima (ou 8,2 milhões de toneladas) da safra obtida em 2021 (253,2 milhões) e 0,6% abaixo da estimativa de maio (1,5 milhões).
A pesquisa ainda mostra que a área a ser colhida é de 72,5 milhões de hectares (ha), alta de 5,8% frente ao resultado de 2021 (ou 4 milhões ha). Em comparação à projeção de maio, trata-se de um crescimento de cerca de 209,4 mil hectares (ou 0,3%). Principal item da pauta brasileira de exportações, a soja apresentou recuo de 0,5% em relação à expectativa de maio, sendo a safra marcada por efeitos climáticos adversos, com registro de forte estiagem nos estados do centro-sul do país.
Mesmo com uma retração de 0,8% na projeção em relação ao esperado em maio, o milho impulsiona o crescimento anual, com estimativa de 112 milhões de toneladas. Um aumento de 27,6% em relação ao ano passado, o que resultaria também em uma produção recorde. A perspectiva de aumento na produção de milho é atribuída às condições climáticas favoráveis, especialmente as encontradas no Mato Grosso e no Paraná, maiores produtores brasileiros do grão.
Considerado um cereal de inverno, o trigo tem produção projetada de 8,9 milhões de toneladas, uma retração de 0,2% em relação ao esperado em maio. O número, contudo, representa uma alta de 13,4% em relação ao ano passado. O aumento é atribuído ao conflito entre Rússia e Ucrânia, dois grandes exportadores que reduziram a oferta internacional, o que gerou oportunidades para os produtores brasileiros. O fenômeno, contudo, gerou aumento de preços e ampliou a dependência brasileira de importações, uma vez que o país não é autossuficiente em trigo.
Atualmente, o Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos, com 30,3% de participação no mercado, seguido por Paraná (13,8%0, Goiás (10,6%), Rio Grande do Sul (9,4%), e Minas Gerais (6,7%). Os cinco primeiros colocados são responsáveis por 79% da produção nacional.
SIRAN
Para o presidente do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste), Thomas Rocco, a previsão de safra recorde reforça ainda mais a importância do agronegócio na economia brasileira. “Ano a ano o setor bateu recorde de produção e via de regra isso vem ocorrendo em todos os cenários, incluindo na pandemia. Isso é muito significativo e consolida a percepção de que o agronegócio é fundamental para o desenvolvimento brasileiro”, afirma Rocco.
O produtor rural lembra ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP), em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), cresceu 8,36% em 2021. Na última medição, o setor alcançou uma participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior taxa desde 2004.
“O levantamento mostrou que os segmentos primários e de insumos agrícolas se destacaram no ano passado, com aumentos de 17,52% e 52,63%, respectivamente. E o PIB também cresceu para a agroindústria e para os agroserviços. Vale lembrar que o agronegócio hoje é responsável por 52,2% de tudo o que é exportado no Brasil, e este resultado está ligado à alta produtividade motivada por incrementos tecnológicos usados no campo. Ou seja, o setor é forte propulsor da economia e precisa ser devidamente valorizado”, conclui Thomas Rocco.
PREÇOS AO CONSUMIDOR
Mesmo com o Brasil tendo a safra recorde de grãos praticamente assegurada para 2022, os preços dos alimentos devem permanecer elevados, segundo avalia o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Carlos Alfredo Guedes. “Independentemente de uma safra recorde, os preços não devem cair, porque a gente tem uma demanda muito grande dos outros países. Isso influencia no mercado como um todo”, disse.
Guedes lembra que os preços dos grãos estão elevados desde o aumento da demanda e problemas logísticos provocados pela pandemia de Covid-19 no cenário externo, que agora permanece sob impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia. “A tendência é que os preços continuem elevados nos próximos meses.
Os preços sofrem mais influência do mercado externo do que do mercado interno. E acaba que dentro dos produtos, que são os principais grãos, eles mexem com outros produtos. Porque o produtor acaba direcionando suas áreas para as culturas que estão mais valorizadas”, acrescentou.
Fonte: Folha da Região
15/07/2022