O setor de serviços encontra-se 7,5% acima do nível de fevereiro de 2020, pré-pandemia, mas ainda 3,2% abaixo de novembro de 2014, o pico da série, de acordo com o IBGE
O volume de serviços no Brasil chegou ao final do segundo trimestre em alta pelo segundo mês seguido e acima do esperado, ganhando fôlego mesmo diante de um cenário de inflação elevada no país graças principalmente ao setor de transportes.
O volume de serviços cresceu 0,7% em junho na comparação com o mês anterior, mostrando aceleração ante a taxa de 0,4% de maio, embora esta tenha sido revisada para baixo de 0,9% informado antes.
Com isso o segundo trimestre fechou com ganho de 1,1% sobre os três meses anteriores, no oitavo trimestre seguido de alta, embora essa tenha sido a taxa mais fraca dessa sequência.
Os dados divulgados na última quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, na comparação com o mesmo período do ano anterior, os serviços apresentaram ganho de 6,3% no volume.
O setor de serviços encontra-se 7,5% acima do nível de fevereiro de 2020, pré-pandemia, mas ainda 3,2% abaixo de novembro de 2014, o pico da série, de acordo com o IBGE.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de ganhos de 0,5% na base mensal e de 6,1% na anual.
O retorno da demanda presencial para os fornecedores de serviços tem ajudado a impulsionar o volume do setor, que por outro lado ainda enfrenta a inflação elevada no país.
As incertezas à frente também permanecem com o aperto nas condições monetárias e financeiras em um ano de eleição presidencial, embora medidas do governo de auxílio à renda e o enfraquecimento esperado da inflação possam dar impulso ao setor.
“Junho contava com 13º antecipado e liberação do FGTS. Acredito que uma parte deve ter sido direcionada para pagar dívidas, mas também está tendo claramente uma preferência para gastar com serviços, e não com varejo”, avaliou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Na quarta-feira, o IBGE informou que as vendas varejistas no Brasil registraram contração de 1,4% em junho, maior queda mensal desde dezembro do ano passado.
“Comércio e indústria têm mais impacto de inflação, juros e mercado de trabalho. O setor de serviços vem crescendo desde o pós-pandemia em duas vertentes: uma delas é a retomada das atividades que dependem do consumo presencial”, disse o gerente do levantamento no IBGE, Rodrigo Lobo, citando ainda o avanço do transporte de cargas.
CARGA
Entre as cinco atividades pesquisadas pelo IBGE, quatro apresentaram crescimento em junho, sendo que a maior influência positiva partiu do avanço de 0,6% de transportes, com destaque para o transporte dutoviário, rodoviário de cargas e coletivo de passageiros.
“O protagonismo veio de transporte, com destaque para cargas e transporte rodoviário de carga, que vem tendo bom desempenho por conta do agronegócio, para escoar a produção agrícola, e também por conta da produção industrial”, disse Lobo.
Também se destacou o crescimento de 0,7% dos serviços profissionais, administrativos e complementares, graças ao aumento das atividades relacionadas à organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções, entre outras.
Os serviços prestados às famílias tiveram alta de 0,6% no mês, mas seguem abaixo do patamar pré-pandemia. Já os serviços de informação e comunicação tiveram queda de 0,2%.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, mostrou recuo de 1,8% em junho sobre o mês anterior, interrompendo três meses seguidos de ganhos. O segmento ainda está 2,8% abaixo do patamar pré-pandemia.
“O que puxou as atividades turísticas para baixo esse mês foi o transporte aéreo, devido ao aumento do item passagens aéreas no IPCA em junho”, explicou o analista da pesquisa Luiz Almeida.